sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ploc!

Sair do centro velho que é a área mais turística da Cracóvia, sair de perto do hostel, foi como estourar a bolha do conforto. Tudo estava tão fácil até aquele momento e chegar na rodoviária foi um parto daqueles com complicação. As pessoas não falavam inglês, a gente se sente desolada, não tem comunicação. Era perto de um dos maiores shoppings da cidade, no mapa ficava atrás do shopping, atrás da estação de trem. A estação de trem foi fácil, mas aí eu não descobri como chegar atrás da estação, era tudo fechado pra proteger a linha do trem, fui andando na lateral e tinha uma mulher vendendo doce, perguntei se ela falava inglês e ela negou bruscamente e virou a cara. Uma garota passou por mim e eu peguntei se ela falava inglês e ela falava um pouquinho e perguntei se ela sabia como chegar na rodoviária e ela não sabia, aí ela perguntou pra vendedora de doce que não quis falar (acredita?), aí ela ficou tentando pensar onde poderia ser e depois de cinco minutos a vendedora de doce, cansada daquela embromação na frente da barraquinha dela, falou alguma coisa em polonês e a garota, com um sorriso nervoso de constrangimento pelas atitudes de sua compatriota, me falou que eu deveria descer uma escada e passar por um túnel. Até conseguir pegar o onibus foi tudo assim, gente de mau humor que não falava inglês, gente que falava inglês e que não sabia nada. Depois de muito esforço descobri que a passagem eu pagava diretamente pro motorista e onde estava o onibus que ia pra Zakopane. O motorísta também não falava inglês mas era simpático. Partimos e anoiteceu no caminho.
Na chegada da cidade nós passamos em frente a uma estação de ski, as pessoas esquiando pareciam formiguinhas deslizando naquele tapetão branco. Eu não via a hora, os minutos, os segundos pra eu poder esquiar. Como tava de noite eu ia ter que esperar pelo dia seguinte.
Fui andando da rodoviária até o hostel, Zakopane era bonita, mas não tem o mesmo charme que a Cracóvia transborda, é bem um resort, com um monte de loja de ski e fast food. Turística demais, me decepcionou no primeiro olhar. Meu hostel ficava bem na rua principal da cidade, ao lado do Mac Donalds. Flamingo's Hostel, a menina da recepção foi bem simpática e me levou pro meu quarto, o quarto era dividido em dois, como que dois quartos, tinham 12 camas, seis em cada e ninguém estava lá naquele momento, eu escolhi a minha no quarto menor e ela saiu, vi uma bota de snowboard, que bom, já podia encontrar um parceiro. Alguém estava tomando banho e cantando no chuveiro, fui perguntar pra menina da recepção se tinha outro banheiro e ela entendeu que eu perguntei onde era, ela foi no quarto e me mostrou onde era e abriu a porta sem perceber que tinha alguém dentro. Como eu tava meio longe da porta, fui a primeira a ver um cara grandão no chuveiro de vidro transparente com a mão pra cima lavando a cabeça. Quando ela se deu conta do fato, fechou a porta rapidamente e morrendo de vergonha falou que ali era o banheiro e saiu correndo. QUE COMEÇO MINHA GENTE, QUE COMEÇO.