domingo, 17 de maio de 2009

Categoria B, C, D, E...

Dia desses, uma amiga me convidou para ir ao cinema. O filme era Madame Bovary, adaptação do clássico de Flaubert, dirigido por Claude Chabrol e estrelado pela excelente e consagrada atriz Isabelle Huppert.
Bem, eu já havia assistido uma parte em dvd, mas infelizmente eu cai no sono (não pelo filme ser chato, mas é que eu tenho mania de assistir filme de locadora durante a semana lá pela meia noite e meia, nada prático ou econômico para quem acorda às 8), então eu vi nessa uma oportunidade de me retratar com um dos meus diretores preferidos em grande estilo: em um a sala de cinema. Uma sala de cinema que tem o diferencial da alta qualidade dos equipamentos de projeção e som, além de poltronas confortáveis. Sala de cinema da rede Cinemark. Essa rede, como quase todas, se propõe ao "altruísta" ato de exibir não apenas filmes que lhes proporcionem retorno financeiro automático, eles são "do bem", uma vez por dia eles abrem uma das salas para filmes não tão populares: os que trazem cultura, os já denominados cult (ou nas locadoras: estrangeiros). Wow, nossa, como eles são legais, como eles são bons e caridosos.
Bem, a sala não estava lotada, digamos umas 30 pessoas, pouco para um sábado a tarde, mas estava longe do que se pode considerar de uma sessão vazia. Nos sentamos e esperamos ansiosas pelo filme, minha amiga já tinha se programado para assistir à uma semana e de mim vocês já sabem. Logo no início já deu para perceber que a copia do filme estava em péssima qualidade, a imagem cheia de sujeira, riscos, arranhões. Ok, a gente engole. Mas o som, ah o som, isso tem limite. Pelo estado da película o áudio devia estar completamente danificado, sem contar que provavelmente era stéreo e aquelas salas e todo o equipamento são projetadas para 5.1. Pois bem, acho que o projetista colocou o filme e saiu da sala pra comer alguma coisa, sem regular o áudio que devia estar programado para a sessão anterior. O som estava super alto e estourado, a trilha sonora vinha acompanhada de um zunido irritante, tudo parecia uma mistura de barulhos, tudo irritava, principalmente a trilha sonora. Eu e a minha amiga aguentamos 10 minutos de filme até acreditarmos que aquilo já era sofrimento suficiente e resolvemos sair. Mas não sem antes pedir nosso dinheiro de volta, porque sinceramente aquilo era um desrespeito. Explicamos o nosso descontentamento ao laterninha e pedimos o que era nosso de direito, acreditando que o rapaz fosse concordar conosco. Ele saiu da sala e avisou que nós deveríamos falar com a gerente e a chamou pelo walk-talkie. "Estou aqui com um (código de problema que eu não lembro qual), umas meninas que dizem que a qualidade do filme não é bom." Ah? Você estava na sala, você também não acha? Gerente pelo walk-talkie "olha, essa sessão é de filme cult, esses filmes tem uma qualidade inferior, nós cobramos mais barato por causa disso, elas deveriam saber disso, a rede Cinemark passa esses filme PARA PROMOVER A CULTURA." Indignação máxima subindo pelo meu corpo, cheguei até a tremer. Pedi para que aquela senhora viesse dizer aqueles absurdos na minha cara. E ela veio, e repitiu tudo bem alto e para que todos pudessem ouvir. Falou que nós estávamos equivocadas e que o áudio estava bom e que sessão Cult era assim e blablablas ignorantes a revelia. No final, percebi que argumentar com aquele jumento (tadinho do jumento, mas é forma de espressão)era perda de tempo, então eu falei que queria o meu dinheiro de volta e pronto. E ela que tem uma leve idéia do que é direito do consumidor, me devolveu.
Bom vamos lá, entendemos que graças ao desrespeito que se dá à cultura nesse país, esse filme deve ter uma ou duas cópias circulando por todas as salas de cinema que ele conseguir. E devem rodar esses "tipos" de filme até o limite que a celulose aguenta antes de arrebentar. Querida rede Cinemark, não é esse o limite, não se vende comida estragada por ela não ter retorno suficiente, não é certo. Cinema, a mais de 70 anos, é áudio e visual, um não funciona sem o outro(se essa é a proposta), eles são complementares. E o áudio não serve apenas para nos dar idéia de quem está falando, ele guia as emoções, ele soma a narrativa, ele conta a história. É intolerável o descuido que eu presenciei e meu dinheiro de volta não paga a afronta daquela gerente mau informada. Espero que algum dia vocês entendam que o que paga o pão de cada dia de vocês é o cinema como um todo, pois os grandes diretores dos filmes norte-americanos bebem e muito da fonte do experimentalísmo de filmes que o grande público não aprendeu a apreciar.
tendo dito, adeus


(email que eu enviei à rede)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Pra não dizer que não falei de fotos



(fatos)
Não sei como é para os outros, sei como é para mim e sei como é para quem eu li no momento e o que eu acho que é o que eu li. Mas eu quero falar sobre o que eu vejo do que vejo. Do que eu coloco aqui
e do que eu vejo.
E vejo alguém que muda o tempo todo e que não muda nada (ok, disso eu já falei) e eu vejo você. Sim, vejo você me moldando, me dizendo como agir, me dizendo como não agir, me dizendo que tal pensamento não existe, que isso é fora de moda, que se hoje fez frio aqui e calor lá é super demodê falar de cachecol. Vejo você me dizendo que a minha vida esta perdida e que eu tenho tanto potencial, mas o problema é que no seu ponto de vista ser feliz é ser o que você sempre quis mas não é, porque ser feliz sempre foi o mais patético de tudo, ser feliz é sobreviver.
E derrepente eu vejo que você sou eu e que eu sou você. Que moral não me importuna se não me incomoda e que se me incomoda é porque eu tenho dúvidas do se.
Só.

segunda-feira, 4 de maio de 2009