quinta-feira, 22 de abril de 2010

Antes


De noite, eu fui jantar com o brasileiro, o boliviano, Tony o australiano e a australiana suposta namorada do Doug. Eu meio que só fui acompanhar porque já tinha comido um kebab e estava completamente entupida de comida.

Mas provei desta iguaria polonesa: Cerveja quente com um pouquinho de algum suquinho que dava um gostinho doce. Ninguem quis tomar, mas eu tinha que provar, era super tradicional e vários polonêses tomavam.
Avaliação: HORRÍVEL. No começo até que passa, nos primeiros goles dá pra tentar apreciar, mas é enjoativo, doce e amargo e quente.






No dia seguinte eu fui andar de snowboard com o Tony e o boliviano, esses dois aí da foto. Eles compraram as roupas de ski num brecho que tinha na cidade e pagaram uns 5 slotz cada. Barato, mas as roupas eram tipo anos oitenta, amarelo com roxo fluorescente, uma beleza.
Foi super legal, fomos na pista de sempre. Eu fiquei na menor e eles foram pra grandona, me senti aliviada por estar longe das pessoas mais mal vestidas da pista, mas triste por ainda não ter coragem de ir na grandona.
Nessa noite, o brasileiro, o boliviano e a australiana foram embora e os franceses também. Ficamos praticamente só eu e o Tony no hostel. Tinham também uma escocesa, Ally , um polonês Symon e uma arabe super faladeiro e engraçado que morava na frança. A gente comprou cerveja e ficamos na sala do hostel bebericando e conversando. O Tony é um cara super inteligente, ele tá mais ou menos na mesma fase que eu. Meio que procurando se encontrar. Nós precisamos deste tempo, andando por paises que não conhecemos pra conhecer a si próprio.
Estavamos lá batendo um papinho quando chegaram uns hospedes novos no hostel. Mais dois australianos snowboarders e um deles parecia o Jude Law. Morri.
No dia seguinte fomos todos pra pista juntos, inclusive os australianos. Eu decidi que iria na pista grandona.
Eles foram na frente, eu fui na pequena pra tomar coragem. Desci uma vez e foi perfeito, tive controle do board, não cai nenhuma vez. Resolvi que estava pronta pra ir.
Eu tava com medo, queria ir mas não queria, quase desisti mas fui, quando eu sentei no lift não tinha mais volta. No trajeto até o topo eu vi as pessoas descendo, as pessoas caindo, vi o Tony, fazendo o carvin bem devagarinho e apoiando com a mão, vi uma menina descendo com todo cuidado, vi snowboarders experientes fazendo carvins curtos e precisos, fui tomando coragem.
















Essa foi a última foto que eu tirei antes de tomar coragem e descer. Era um dia bonito, céu coberto como sempre, mas com as nuvens mais baixas, compunha uma bela paisagem. Eu poderia ficar lá no topo por muito tempo e fiquei. Também tava esperando se alguns dos meninos chegavam, mas eu esperei demais e ninguém veio. Resolvi ir.
Eu tava ouvindo Arctic Monkeys, uma música sobre uma busca. Na música havia algo que me aguardava.


Dói um pouquinho ouvir essa musica agora, me leva pra aquele momento. Pros dias depois, pra tudo o que eu passei, pros cheiros, pros gostos, pras sensações, se eu fecho os olhos é como se eu ainda estivesse em Zakopane. A vida da gente é engraçada, o nosso corpo escolhe um estímulo que representa algum momento da memória. Com o estímulo, a memoria se ascende como um pano com querosene. Como com halls vermelho que toda vez que eu coloco na minha boca me vem um flash do meu primeiro beijo, da praça. do fim de tarde, do menino. Cornestone vai ser pra sempre a música de um dos capítulos importantes da história da minha vida.