quarta-feira, 31 de março de 2010

Eros (des)Vendado


Quando chegamos no monumento do Eros Bendato, que por um acaso fica no Main Quarter, o Anderson resolveu ir até o hostel dele, que por um acaso também fica no Main Quarter, para chamar as polonesas para que elas nos levassem em um restaurante típico.
Eu achei melhor esperar lá mesmo porque eu tava meio que não a fim de encontrar o francês.

Enquanto eu esperava:
Admirei o monumento mais um pouquinho.









Assisti uns caras fazerem embaixadinha com bola normal e com uma bolinha pequenininha que pelo visto tá meio que na moda, numa apresentação pra uns 10 gatos pingados.







Reparei nos passantes e no presépio.
Como eu tava com a minha calça impermeável revestida com pelinho resolvi sentar no banco que tava coberto de neve. Aí uma senhora polonesa veio e começou a falar umas coisas em polonês pra mim e eu sem entender nada "sorry, don't speak polish" e ela continuou falando e eu "i'm not understanding, sorry". Aí ela apontou para o banco e eu meio que concluí que ela devia estar falando que tava molhado, pra eu não sentar. Eu levanteie ela ficou feliz e foi embora, aí eu sentei de novo, aí ela voltou e falou e apontou, aí eu levantei de novo, aí ela falou mais um pouquinho e foi embora. Aí eu desisti de sentar.


Aí eu vi como o monumento era por dentro.









Quando já tava quase escurecendo o Anderson chegou, fomos atrás de um restaurante e as polonesas conseguiram achar uma super bizarro e tradicional.








Minha cara de quem adora lugares pitorescos e encontrou um deveras.






Foi ótimo, as meninas super honradas por nos apresentarem as comidas de lá, agiram como se estivessem promovendo um evento. Primeiro pediram sopa. A minha era tipo um caldinho de batata com couve e carne(bem máomeno), a do Anderson era tipo sopa de legumes com carne (rs, a pior, o Anderson falou que a mãe dele fazia quando ele tava doente) e uma das delas era uma sopa vermelha acho que de beterraba meio apimentada que é muito boa e que acabou vindo pra mim e pro Anderson em troca das nossas. A quarta eu não lembro.
Aí vieram os pratos principais:

Nem sei o que é isso.








O do Anderson era tipo charuto.











Polonesas











versus


Brasileiros.












A comida não era a coisa mais deliciosa do mundo, mas foi tudo muito divertido. A idéia do Anderson era que a gente convidasse elas, elas escolheriam os pratos e nós nos ofereceríamos pra pagar. Quando o Anderson me propôs, eu fui meio relutante, mas no final eu achei muito legal, foi uma troca. Em viagens a gente gasta tanto com guias que nos levam pra passeios super turísticos e nos apresntam a cidade de maneira tão superficial e as meninas, de uma forma muito natural, nos apresentaram um pouquinho do que é o mundo delas, um pedacinho da Polônia e da cultura que elas conhecem. Quando dissemos que pagaríamos, elas não aceitaram de jeito nenhum, nós insistimos e no final elas deixaram com a condição de que pagassem um jantar para a gente no dia seguinte. A conta deu bem baratinha, 40 slotz, uns 34 reais. Quase nada para o jantar de todos mais as bebidas.

Depois, eles foram pro Hostel deles e eu pro meu me preparar pro ano novo. Eu estava com um certo receio, medo de como seria o meu fim de ano. Ao me aventurar sozinha, por mais que eu tenha conhecido pessoas super legais, eu estava sempre a merce de mim mesma. O Anderson já tinha comprado, antes mesmo de me conhecer, ingressos para uma festa que eu não tava a fim de ir, as meninas iam em outra que eu também não queria e que era com os francêses, com quem eu não desejaria encontrar propositalmente, a minha amiga brasileira já tinha ido embora pra Budapeste só me restava ver com seria no Hostel.
Eu sempre gostei de fazer as coisas por mim mesmo, não é um defeito, não é uma qualidade, é uma característica da minha personalidade. Eu gosto de ser livre pra ir e vir a hora que eu quiser. Ter que lidar com isso não é fácil, tem sempre todos os riscos e esta viagem me mostrou que eles estão sempre lá. Mas além dos riscos, tem todos os aspectos positivos e principalmente, a satisfação de vencer os moinhos, os dragões, os monstros, os medos. Enxergar o mundo por uma outra ótica, a que nunca se viveu, o novo, cheio de estranhamentos e cheio de vida, e ainda sim, poder decidir para onde olhar, quando olhar e o que viver. E nessa vida de loba solitária, eu encontrei outros como eu, minha matilha que nunca vai se unir mas que se reconhece, se respeita, se ajuda e se admira. Mas como eu, eles são livres, nos encontramos quando a vida nos põe um em frente a outro, mas assim como é fácil se encontrar, é fácil se desencontrar. Pra mim, essa necessidade de liberdade tem no extremo oposto, a culpa. Quando eu quero ficar sozinha e sumo, as vezes sinto que machuco os outros, e isso me faz querer fugir mais ainda. É preciso ser você mesmo pra entender o mundo. Com essa viagem, para um país estranho, sem muito conforto e sozinha eu conheci o meu.
Voltei pro hostel, encontrei os brasileiros do meu quarto, estavam nada mais nada menos do que no nosso quarto, propus que depois do jantar fossemos pro Main Quarter ver a virada e fui tomar banho e me preparar.



(considere esse post a metade do capítulo, já que no outro eu promeit mais:)